Nota pública ao Deputado Federal Delegado Eder Mauro (PL-PA)


Caro Deputado, o senhor está sentado numa cadeira da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados (CDHMIR), e Marielle Franco é um símbolo do que significam essas pautas e lutas no país, o senhor gostando ou não. Marielle foi uma parlamentar eleita e executada por defender os direitos humanos. Uma mulher negra, bissexual, mãe, favelada. Tenha respeito. 


É neste ano de 2024 que aguardamos, com um atraso de 6 anos, a revelação da verdade sobre o bárbaro crime que tirou a vida de Marielle Franco e Anderson. A verdade sobre o plano perverso que culminou em sua morte, e pela qual cobramos as autoridades todos os dias desde o fatídico 14/03/2018, finalmente deverá ser revelada e os culpados punidos com o rigor da lei. O nome de Marielle não se cita de forma leviana, Sr. deputado, tal como feito no dia de ontem, véspera do 14/03, para tumultuar o início dos trabalhos da CMDHMIR. Junto com esse nome se levantam milhões de pessoas prontas para o enfrentamento e a resistência necessária para restabelecer a verdade em toda e qualquer tentativa dela ser surrupiada. 


Sobre a pauta das mulheres palestinas, que o deputado finge se importar, pois sequer uma nota de solidariedade emitiu até esbravejar ontem na CDHMIR, sugerimos que busque saber, por exemplo, que no dia 07/03/2024 aconteceu em Brasília o Ato Internacional de Solidariedade às Mulheres Palestinas. Encontro esse que contou com a participação de mulheres palestinas que residem na Cisjordânia e de mulheres membras da CDHMIR. O Ato teve o apoio do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e participação de centenas de mulheres ativistas e membras de grupos que organizam o movimento social, muitos dos quais construídos por essas mulheres de esquerda, progressistas e feministas que o deputado julga conhecer.


A Frente Bissexual Brasileira manifesta, assim, seu repúdio ao ataque feito pelo deputado Delegado Eder Mauro (PL-PA) à memória de Marielle Franco e à milhões de mulheres brasileiras que clamam por justiça há 6 anos. Manifestamos, ainda, repúdio ao uso irresponsável da terrível situação das mulheres palestinas vítimas de atrocidades inimagináveis perpetradas por homens do exército de Israel e do Hamas, como se fosse um assunto de interesse do deputado, e não mera bravata para "lacrar" nas redes sociais.

Toda nossa solidariedade às mulheres parlamentares e membras da CDHMIR atacadas por esse grupo de homens baderneiros que só buscam obstruir de forma inescrupulosa os trabalhos de uma Comissão necessária como a que trata dos direitos humanos e minorias em nosso país.


Marielle Presente! Palestina livre!


Brasil, 14 de mar. de 2024